BOATOS
SOBRE O BOLSA FAMÍLIA E A REAÇÃO POPULAR: UM REFLEXO DA ATUAL SITUAÇÃO SOCIAL
DO BRASIL
Não foi a Revolução de outubro de 1930,
não foi o golpe militar de março de 1964, também não foram os grandes comícios
que pediam eleições diretas para presidente em 1984 (Diretas-Já)... Foi algo
maior e preocupante que foi presenciado na atualidade, mas especificamente nos
dias 18, 19 e 20 de maio de 2013: uma confusão social inimaginável nas agências
da Caixa Econômica Federal. O motivo? Uma sequência de boatos maldosos sobre um
abono do Dia das Mães (R$ 200,00) e a provável extinção do Programa Social
Bolsa Família.
Esses três primeiros dias foram marcados
pela euforia, desespero, anarquia e vandalismo em diversos estados da
federação, principalmente nos da região Norte e Nordeste. Nos veículos
midiáticos eram constantes as notícias sobre a situação das agências bancárias,
as depredações, as imensas filas e o descontrole em manter a ordem em meio à
tamanha sanha popular em receber o dito benefício. O governo como forma de
atenuar o impacto prometeu uma intensa investigação conduzida pela Polícia
Federal para encontrar a origem do boato e ratificou que não existe a
possibilidade do benefício ser extinto.
Para além do fato ocorrido, existe uma
questão que merece ser considerada: as camadas beneficiadas pelo Bolsa Família
encontram-se em um estado crônico de dependência social. O que era, na
essência, um programa social que daria viabilidade a ascensão social do
beneficiário, tirando-o da pobreza crônica e qualificando-o para o mercado de
trabalho, transformou-se em um instrumento de subjugação e estagnação social. Como
conseqüência os que implementaram o projeto desfrutam de um cômodo nível de
aprovação popular. O governo petista possui todas as ferramentas para se
perpetuar no poder por longos anos, fazendo o que nenhum oligarca, militar ou
elitista conseguiu durante a trajetória do regime republicano.
A agitação social que se iniciou logo
após os boatos pode ser analisada como uma espécie de “raio-x” de uma
considerável parte da opinião publica. Ou seja, enquanto o governo estiver
implantando programas dessa ordem ele vai continuar no poder.
Estamos presenciando um triste quadro
social, no qual uma massa considerável de pessoas não esperam outra coisa do governo
que não seja o repasse mensal, proporcional a quantidade membros da família. O
sistema educacional pode estar em ruínas, a criminalidade pode crescer
vertiginosamente, o sistema de Leis caduco do nosso país pode continuar a
proteger os delinqüentes, nada disso produz uma comoção ou revolta popular das
proporções do fim do Bolsa Família.
Acabou o tempo das mobilizações
populares que reivindicavam o bem comum. Foi-se o tempo em que as lutas
políticas tinham uma conotação política positiva. Extingui-se a politização da
população. Vemos a política como algo sujo e distante das nossas vidas,
enquanto o governo que está no poder lança as bases da sua sustentação,
acomodando os mais pobres de forma crônica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário